Paralisação dos transportes em maio afetou mais as exportações do que importações
Nem mesmo a greve dos caminhoneiros conseguiu frear a expressiva evolução negativa da balança comercial de autopeças. Segundo o mais recente levantamento mensal do Sindipeças, entidade que reúne cerca de 400 empresas do setor, de janeiro a maio o déficit acumulado somou quase US$ 2,8 bilhões, valor 21,6% mais alto que o verificado no mesmo período de 2017. As importações de componentes em cinco meses somaram US$ 5,9 bilhões e cresceram 16,6% ante o ano passado, superando o resultado das exportações de US$ 3,1 bilhões, em alta de 12, 4%.
A paralisação do transporte de cargas no País no fim de maio mais as exportações do mês (US$ 532 milhões), que registraram expressiva queda de 20,8% em relação a abril e de 15% na comparação com maio de 2017. As importações (US$ 1,15 bilhão) também caíram, mas recuaram bem menos, apenas 5,9% contra o mês anterior, e registraram alta de 11% ante maio de 2017.
Com o resultado, a balança comercial das autopeças registrou déficit mensal de US$ 621 milhões em maio, 51% mais alto que o observado um ano antes.
Além da paralisação do transporte de cargas, o Sindipeças pontua que a crise financeira na Argentina, maior mercado comprador das autopeças brasileiras, também impactou negativamente a balança comercial do setor. A entidade lembra ainda que a maior puxada nas importações se deu porque o registro é feito assim que os componentes desembarcam no País, independentemente da movimentação de carga em território nacional, por isso o valor contabilizado de autopeças importadas foi menos afetado pela greve. Já as exportações só são contabilizadas quando chegam ao porto, o que não ocorreu com os caminhões parados.
A desvalorização do real, da ordem de 13,4% somente em maio, ajuda a elevar as exportações, mas também interfere na contabilização das vendas ao exterior, puxando para baixo o valor em dólares. Ao mesmo tempo, as importações em crescimento indicam aquecimento das linhas brasileiras de produção de veículos.
MAIORES IMPORTADORES E EXPORTADORES
Pela ordem, Argentina, Estados Unidos, México e Alemanha seguem sendo os maiores compradores de autopeças brasileiras, respondendo juntos por 66% das vendas de componentes ao exterior no período janeiro-maio de 2018. E o mercado argentino continua folgado como maior destino das exportações de peças do Brasil, com e quase um terço (30,6% e) de participação no volume total vendido, o mercado argentino comprou US$ 950 milhões em cinco meses, valor que representa crescimento de 13% diante de igual período do ano anterior. Identificam-se ainda os Estados Unidos, México, Alemanha e Chile, com respectivas participações de 17,9%, 10,3% e 7,3% e 3,4%, representando os principais destinos das exportações das empresas do setor. Já os maiores exportadores de peças ao Brasil de janeiro a maio seguem sendo, pela ordem, China (12,4%), Alemanha (11,8%), Estados Unidos (11,3%), México (9,5%) e Japão (8,8%), que juntos correspondem a mais da metade dos componentes importados pelo País. O maior crescimento das importações este ano é da Alemanha (+35,4%), seguida de perto pelo México (+33,3%) e Japão (+30,5%), enquanto o aumento de peças chinesas chegou a 26,1%. |